ISSN 2359-5191

14/10/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 17 - Saúde - Instituto Butantan
Butantan desenvolve primeira vacina anti-rábica brasileira

São Paulo (AUN - USP) - A Secretaria de Estado da Saúde está na reta final para produção em massa da primeira vacina brasileira contra a raiva humana, que deve ser fabricada em escala comercial a partir de 2006. É a primeira vacina do gênero feita no Brasil.O novo imunizante, desenvolvido pelo Instituto Butantan, tem se mostrado uma alternativa mais eficaz e barata à tradicional vacina contra a raiva.

O objetivo inicial da secretaria é produzir três milhões de doses da vacina por ano, suficientes para atender a demanda nacional. No início deste mês foi encaminhado um pedido oficial de autorização para fabricação da vacina à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

A vacina tradicional é elaborada em tecido nervoso do cérebro de camundongos. O vírus rábico é injetado lá para que se multiplique. Posteriormente, o cérebro desses animais é colhido com essa massa contendo tecido cerebral e vírus rábico para que a vacina seja preparada. “Esse tipo de vacina é impura, pois apresenta restos de tecido cerebral. Trata-se de um produto ultrapassado, devido à possibilidade de apresentar efeitos colaterais, como problemas neurológicos, além de induzir uma menor produção de anticorpos”, disse a chefe da Seção de Raiva do Instituto Butantan, Neuza Frazatti Gallina.

A principal diferença da nova vacina está no método de produção, que será por cultivo celular. As células são cultivadas em meio rico em nutrientes, próprio para o crescimento, o que permite a obtenção de um produto mais puro e capaz de induzir maior produção de anticorpos - 30 vezes maiores que os considerados pela Organização Mundial de Saúde para neutralizar o vírus da raiva no organismo. Além disso, a nova vacina evita o sacrifício de animais.

Ainda, o imunizante é mais barato que o usado atualmente no país, produzido na França. “A albumina eqüina empregada na produção é proveniente das sobras dos plasmas hiperimunes de cavalo, utilizados na produção de soros no Instituto Butantan. Por conta disso, trata-se de uma vacina mais barata, que poderá ser comprada e aplicada pelo governo em campanhas contra a raiva”, afirmou a pesquisadora.

O custo estimado para cada dose é de US$ 5, cerca de 30% a menos do que o preço pago atualmente pelo governo federal. Hoje, a vacina, importada da França, é apenas testada e rotulada pelo Butantan.

Testada com sucesso em camundongos e macacos, a vacina passou por uma prova animal final, sendo injetada em cerca de 200 seres humanos, em estudo realizado pelo Instituto Pasteur. Os resultados foram positivos, já que não houve reações significativas de ordem alérgica ou nervosa.

As doses são aplicadas em casos de pós-exposição (pessoas que tiveram qualquer tipo de acidente com mamíferos), mas também estão disponíveis em casos de pré-exposição, a veterinários, funcionários de canis, laçadores de cães e ecoturistas. Nesse último caso, são aplicadas apenas três doses. O tratamento também se modernizou. Atualmente, são necessárias apenas cinco doses da vacina no braço para ficar imune à doença após exposição à mordida de cães, gatos ou morcegos. Antigamente, era preciso tomar cerca de 40 doses na barriga.

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