São Paulo (AUN - USP) - Os grânulos de plástico ou ”lágrimas de sereia”, como também são chamados, são a forma como o plástico é comercializado. Misturados a areia são quase imperceptíveis, porém poluem praias, contaminam organismos marinhos e causam impactos econômicos.

Descartados acidentalmente por embarcações que os transportam ou por indústrias que os produzem ou os utilizam, os grânulos plásticos são encontrados principalmente em regiões portuárias e com pólos petroquímicos, como a Baixada Santista. No Brasil, ainda não se sabe o grau de contaminação das praias por esses grânulos.

As esférulas de plástico funcionam como esponjas, segundo o professor Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico da USP, absorvendo compostos químicos que chegam a concentrações um milhão de vezes maiores que a da água do mar. Os grânulos causam falsa sensação de saciedade aos animais marinhos e, além disso, contaminam-nos.

O acúmulo desses compostos químicos em animais marinhos pode trazer alterações hormonais a esses organismos, masculinizando-os e, em conseqüência, prejudicando sua reprodução.

Os impactos causados pelos grânulos plásticos também são econômicos, pois esses objetos entopem o sistema de resfriamento de embarcações. De acordo com o professor Alexander Turra, o Japão tem prejuízo de 50 milhões de dólares por ano devido a esse problema.

A pesquisa desenvolvida pelo professor Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico, na Baixada Santista visa descobrir a distribuição dos grânulos de plástico pelas praias, bem como sua quantidade e sua procedência.

O projeto inclui um mapeamento das indústrias que produzem ou utilizam esses grânulos e das empresas que os transportam. A análise da composição química dos diferentes grânulos plásticos permitirá descobrir sua origem. Dessa forma, será possível criar um programa de orientação para essas empresas visando a redução da emissão dos grânulos no ambiente.

As “lágrimas de sereia” concentram–se em regiões portuárias, no entanto podem ser levadas através de correntes para outras praias. Quantificar as esférulas de plástico também pode ser um meio alternativo de avaliar o grau de impacto e alteração feitos pelo homem neste tipo de ambiente.