São Paulo (AUN - USP) - O Instituto Butantan está participando da elaboração de um inventário mundial sobre aranhas da família Oonopidae. O projeto, que tem duração prevista de quatro anos, é uma iniciativa do Museu Americano de História Natural, de Nova Iorque, e envolve 17 instituições de 10 países. O objetivo é identificar novas espécies de aracnídeos pertencentes a essa família.
Segundo Antonio Brescovit, pesquisador do Laboratório de Artrópodes do Butantan e um dos cinco brasileiros que participam do projeto, já existem 200 espécies identificadas no mundo, mas deve haver no mínimo 400 desconhecidas só no Brasil.
As aranhas da família Oonopidae são animais extremamente pequenos, atingindo no máximo 5mm, e se diferenciam das demais famílias por possuírem apenas seis olhos, enquanto a maioria tem oito. Elas podem ser encontradas em diversos ecossistemas, concentrando-se na área tropical. São animais de solo, mas com freqüência são encontradas sob as cascas e nas copas das árvores.
Nenhuma espécie dessa família é peçonhenta, portanto o interesse da pesquisa é no sentido de conhecer a biodiversidade mundial, determinando fatores como localização geográfica e risco de extinção dessas espécies.
No Brasil, já está sendo feito o trabalho de campo, recolhendo aranhas da família Oonopidae em várias regiões do país. Após essa etapa, é feito um estudo comparando os animais encontrados com aqueles que já constam na literatura e em coleções zoológicas. Caso não haja nenhum registro de uma espécie com as características da aranha recolhida, é dado um nome a essa nova espécie.
Além do Butantan, há outros dois institutos brasileiros participando do inventário: o Museu Paraense Emílio Goeldi, onde o projeto é coordenado pelo pesquisador Alexandre Bonaldo e o Museu de Ciências Naturais, em Porto Alegre, onde atua Ricardo Ott.
Ao final dos quatro anos de pesquisa espera-se ter construído um banco de dados sobre esses aracnídeos que sirva de referência para biólogos do mundo todo.