São Paulo (AUN - USP) - O ecossistema marinho de Abrolhos pode ser comprometido devido às mudanças climáticas e à ocupação da costa. O Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo liderará um projeto que visa fazer um diagnóstico dos problemas da região, através do estudo de sua situação atual, a fim de propor medidas de preservação e de utilização racional dos recursos naturais.
Segundo a professora do Instituto Oceanográfico da USP, Ana Maria Setubal Pires Vanin, os corais são organismos muito sensíveis. A ocupação da costa associada ao desmatamento está, entre outras alterações, tornando o pH da água mais ácido, esse fator pode prejudicar os recifes de corais do ecossistema.
Além disso, o aquecimento das águas devido às mudanças climáticas mata pequenas algas que alimentam os corais através da fotossíntese. A morte dessas algas causa o branqueamento dos corais e, de acordo com a professora Ana Maria Vanin, já existem áreas em Abrolhos com esse problema.
A pesquisa denominada Pro-Abrolhos – Produtividade, Sustentabilidade e Utilização do Ecossistema do Banco de Abrolhos – conta com 50 cientistas de todo o país e mais de uma dezena de alunos e recebe recursos do CNPq, do Ministério de Ciência e Tecnologia – através do Programa Instituto do Milênio e, agora, também da Petrobrás.
A Petrobrás quer conhecer melhor o meio físico da região. A parceria com o Pro-Abrolhos trará a Petrobrás acesso mais rápido aos dados coletados, bem como a expansão das pesquisas em áreas de seu interesse. A verba suplementar fornecida pela companhia permitirá a ampliação dos estudos em Abrolhos, sobretudo na área de oceanografia física.
O primeiro grande cruzeiro com o navio oceanográfico “Prof. W. Besnard”, do Instituto Oceanográfico da USP, está planejado para junho, com duração até agosto, e outros dois cruzeiros ocorrerão no verão.Além dos cruzeiros, serão utilizadas para a coleta de dados embarcações menores, estações autônomas de monitoração, rastreamento por satélite, atividades de mergulho, entre outros métodos.
O arquipélago de Abrolhos abriga a maior contração de corais de todo o oceano Atlântico Sul. Fica localizado entre Caravelas, ao sul da Bahia, e São Mateus, ao norte do Espírito Santo, e vem sofrendo danos com turismo, exploração de petróleo e gás natural, e com o crescimento das comunidades costeiras e suas atividades econômicas, como a pesca.