São Paulo (AUN - USP) - O Laboratório de Bioquímica e Biofísica do Instituto Butantan extraiu de uma espécie de taturana (Lonomia obliqua) uma proteína que tem capacidade antitrombótica, ou seja, impede que se formem coágulos sangüíneos. Na pesquisa com carrapato da espécie Amblyomma cajennense também se conseguiu uma proteína inibidora da coagulação do sangue. O laboratório teve quatro patentes depositadas no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) desde 2002 e deve depositar outra ainda este ano.
Além disso, descobriu-se que a proteína do carrapato tem a capacidade de matar células tumorais, sendo que já foram feitos os testes in vitro (testes feitos diretamente com as células) e in vivo (testes com organismo vivo, nesse caso camundongos).
Essas pesquisas começaram há cinco anos, com apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Após o depósito da primeira patente, formou-se um consórcio entre laboratórios farmacêuticos (Coinfar) composto pelas empresas União Química, Biolab e Aché, apoiadas pela FINEP (Financiadora de estudos e projetos, entidade vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia), para o prosseguimento dessas pesquisas. No total, o Coinfar e a FINEP irão investir R$ 8 milhões nestes projetos.
No entanto, essas pesquisas estão longe de chegarem à aplicação em larga escala em seres humanos, explica Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, pesquisadora do laboratório. Segundo ela, o processo de desenvolvimento de uma pesquisa é extremamente complexo, não sendo inferior a dez anos. O primeiro passo neste longo percurso é chamado “prova de conceito”, que consiste em confirmar uma hipótese sobre determinado assunto (no caso dessas pesquisas provar que as proteínas realmente têm o efeito esperado), depois dessa fase tem-se a etapa de estudos pré-clínicos, na qual busca-se saber se a substância não tem efeitos tóxicos e estabelecer medidas de segurança. Nessa fase são utilizados testes in vitro e em animais. Somente após essas duas fases é que se iniciam os estudos com seres humanos.