São Paulo (AUN - USP) - Produzir um banco de dados sobre a biodiversidade do Estado de São Paulo é o principal objetivo do Programa Biota da Fapesp. O Instituto Butantan, com o seu Biodiversidade de Aracnídeos e Miriápodes do Estado de São Paulo, foi aprovado no ano passado e iniciou suas pesquisas neste semestre. Desde 1999, o Fapesp vem selecionando projetos e destinando verbas a eles.
Os aracnídeos, classe à qual pertencem aranhas, escorpiões, opiliões e ácaros, e os miriápodes, cujos principais representantes são as lacraias e os piolhos-de-cobra, são o alvo dos estudos realizados pelo Laboratório de Artrópodes do Instituto. Três etapas principais definem o programa: a coleta dos animais em diferentes áreas do estado, utilizando-se de métodos pré-definidos; a triagem inicial, separando os animais coletados e classificando-os em espécies, e os estudos avançados das espécies, realizados por especialistas.
Para a primeira etapa, foram delimitadas cerca de 40 áreas de coleta entre Mata Atlântica e Cerrado, os dois ecossistemas escolhidos pelo projeto. Algumas áreas de outros estados como Goiás e Paraná também farão parte do trabalho em campo, já que estudos comparativos estão entre os objetivos dos pesquisadores envolvidos. Alguns instrumentos utilizados são as armadilhas de chão, batedores, pinças e lanternas para as coletas noturnas. Os animais são conservados em solução de 70% de álcool e levados para a primeira triagem em laboratório. Estas duas primeiras etapas devem ser cumpridas em dois anos e meio. Até 2004, após análise avançada dos especialistas, o banco de dados deve estar pronto.
Cerca de 25 pessoas estão envolvidas no projeto, entre estagiários, bolsistas, mestrandos, doutorandos, especialistas de diversas universidades brasileiras e de outros países. O coordenador geral desta equipe é o professor Antônio Domingos Brescovit, do Instituto Butantan, que explica que o banco de dados sobre as espécies do Estado de São Paulo será muito importante para pesquisas futuras. “A Mata Atlântica e o cerrado paulista foram ainda muito pouco estudados no que diz respeito à diversidade de aranhas. Até a Floresta Amazônica tem maior número de dados pesquisados e registrados”. As principais formas de estudo pretendidas compreendem a identificação das espécies (taxonomia), comportamento animal (etologia), e o relacionamento com o meio e comparação de ecossistemas, entre outros (ecologia).
Além de concluir o inventário das duas classes de artrópodes escolhidas, o programa ainda deve continuar seus estudos após 2004, inclusive comparando cada área quanto à diversidade, estágio de preservação. Está prevista também a publicação de dois livros, entre outros produtos, que já estão em fase avançada: um sobre as aranhas da cidade de São Paulo e outro sobre etologia e ecologia dos aracnídeos.