ISSN 2359-5191

19/10/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 63 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Fármacos poluem represa Billings

São Paulo (AUN - USP) - A Billings, maior reservatório de água da região metropolitana de São Paulo, está com indícios de contaminação por fármacos (compostos usados para fins medicinais). A professora Eliete Zanardi Lamardo, do Instituto Oceanográfico (IO/USP), afirma que substâncias como o diclofenaco, antiinflamatório comercializado pelos nomes de Voltarem e Cataflan, e o buformin, droga usada para combater a diabetes, foram encontradas nas águas da represa.

Os fármacos encontrados na Billings certamente estão presentes em outros lugares que recebem dejetos humanos e industriais, já que os compostos chegam às águas através dos esgotos, depois de serem descartados pelo organismo dos doentes. O mesmo acontece quando os remédios vencidos são jogados na privada ou no lixo.

O problema é que alguns resíduos farmacêuticos podem apresentar disruptores endócrinos (EDCs), que promovem alterações no sistema endócrino e nos hormônios. Estas substâncias se acumulam no solo e sedimentos, além de serem facilmente transportados pela atmosfera de suas fontes. Além disso, elas se espalham pela cadeia alimentar, alcançando aqueles que estão em seu topo: os homens.

Os EDCs impedem a função dos hormônios, afetando o crescimento, reprodução, desenvolvimento do cérebro e sistema nervoso, além de outras atividades do organismo. Em mamíferos marinhos e pássaros que se alimentam de peixes, por exemplo, estudos revelaram casos de desmasculinização, feminização, comprometimento da função imunológica e decréscimo da fertilidade.

Em seres humanos, há evidências de que os EDCs presentes nos resíduos dos fármacos podem provocar câncer de mama, testículo e próstata, ovários policísticos, disfunção da tireóide e redução da fertilidade nas populações expostas.

Eliete afirma que, por a questão ser muito recente, ainda é pouco estudada. Sequer existem formas de tratamento, e “como não há legislação, legalmente se trata de água potável, apesar de poder estar contaminada”.

Constatar que os sedimentos estão contaminados é só metade de caminho, segundo a professora. “Com certeza chama muito mais atenção dos órgãos governamentais que você diga que o peixe que ele come está contaminado. Mas há uma limitação de pessoas e dinheiro para chegar neste estágio”.

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