São Paulo (AUN - USP) - Aproximadamente ¾ dos recursos do Atlântico Sul não são aproveitados por países banhados por ele. Em debate realizado no Instituto Oceanográfico (IO/USP), Gabriel Calzavara, do Conselho Nacional de Aqüicultura e Pesca (Conape), afirmou que entre os maiores exploradores das riquezas do oceano que abrange toda a costa brasileira estão a Espanha e o Japão. Ele disse ainda que o Brasil precisa expandir a pesca para ter competitividade com outros países.
Para que isto aconteça, o Brasil deve aproveitar que sua zona econômica exclusiva (ZEE) foi aumentada em 4,3 milhões de km² mar adentro, o que corresponde a 50% da área terrestre brasileira. Outro recurso ainda disponível são os grandes migradores de maiores profundidades, como os atuns e os peixes-espada.
Fabiano Duarte, da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca do Paraná (Seap/PR), afirma que seu órgão já atua neste setor promovendo desenvolvimento sustentável dos recursos pesqueiros subexplotados ou inexplotados, com a redução do desperdício, a qualificação do profissional da pesca e o monitoramento, controle, pesquisa e ocupação da ZEE e das águas internacionais.
Mesmo assim, segundo Paulo Pezutto, do Comitê Científico do Seap, ainda não existem dados econômicos claros, devido à falta de estrutura da Receita Federal. Ele destacou a inviabilidade de saber quais recursos são subexplorados sem o conhecimento específico para o planejamento. “O Brasil trabalha de modo amador”, diz, revelando que as informações para a tomada de decisões quanto aos rumos da indústria pesqueira no país são transmitidas pelo boca-a-boca.
Outro problema por enquanto sem solução é a evasão de divisas e o subfaturamento da pesca brasileira. “Vendemos barato”, afirma Pezutto.
Por outro lado, Calzavara, do Conape, acredita que o Brasil deve investir em outras frentes. Ele diz que até os anos 80 o setor de pescados vinha crescendo, mas se encontra estável desde então. Segundo ele, a pesca extrativa está perto do seu limite. “O caminho agora é a aqüicultura”, afirma.