ISSN 2359-5191

03/07/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 67 - Meio Ambiente - Instituto Butantan
Brasileiros precisam conhecer a Amazônia

São Paulo (AUN - USP) - Adalberto Luis Val, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), fez críticas durante evento promovido pelo Instituto Butantan e pela Rádio Eldorado à criação de áreas de preservação na Amazônia e defendeu o papel do conhecimento e da informação para a defesa da área. Segundo ele, a diversidade natural é tão grande que as espécies que existem em uma parte da Floresta não existem na outra, e escolher uma área prioritária de preservação significa decidir aleatoriamente quais organismos se irá preservar. Além disso, “proteger a Amazônia não é só impedir o acesso físico, vem principalmente de se ter informação a respeito. É muito importante saber o que acontece e o que temos ali.”, diz.

Val falou da riqueza da Floresta, que despeja 20% de toda a água doce do mundo nos oceanos, abriga cerca de 180 grupos indígenas e apresenta uma imensa diversidade de formas e cores em vegetação e fauna. Só o mercado de peixes ornamentais vindos de lá gira em torno de 50 milhões de dólares. No entanto, o equilíbrio dessa heterogeneidade é bastante delicado. Se houver uma intervenção abrupta na região, pode-se causar um desequilíbrio muito grande e talvez irreversível.

Exemplo disso é o desmatamento, que cria paisagens fragmentadas com bordas muito sensíveis por estarem expostas e desprotegidas. “Toda vez que criarmos uma borda, estamos interferindo no processo biológico dessas regiões. Sempre que você abre espaço pra plantar soja, por exemplo, cria-se uma borda e ela contribui de forma significativa para o aumento de gás carbônico na atmosfera”, diz. Mas, segundo ele, o desmatamento não irá acabar mesmo que se tomem medidas agora. “É preciso achar outros meios de desenvolvimento; a questão do desmatamento só se resolve com inclusão social.”

O INPA executa projetos nessa área. Órgão da Administração Direta do Ministério da Ciência e Tecnologia, foi criado em 1952 com a missão de divulgar conhecimento científico sobre o meio físico e as condições de vida da Amazônia, visando melhorar as condições de vida de quem mora lá, capacitá-los para ajudarem no desenvolvimento da região e preservar a floresta. O instituto possui um programa de pós-graduação ali montado em parceria com universidades, visando suprir a deficiência de cursos e pesquisadores na região. O Museu Emílio Goeldi também pretende criar um curso de Arqueologia na Amazônia, coisa que ainda não existe.

Há bastante oportunidade profissional para quem faz esses cursos, e a procura tem sido muito grande. Segundo Val, é essencial que existam cursos desse tipo na região. “Não dá pra conhecer a Amazônia de longe. É preciso interagir com a comunidade que vive ali.” Mas ele admite que há necessidade de se criar condições para que os estudantes e pesquisadores possam viver no local e ter suas necessidades supridas.

“Nós nos preocupamos com aquilo que conhecemos. E o brasileiro não conhece a Amazônia.”, diz. “A nossa soberania sobre a região não depende de militarizá-la, mas de dispormos de informação sobre ela. E a informação não está nas mãos dos brasileiros hoje; está nas mãos de pesquisadores estrangeiros.”

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