ISSN 2359-5191

21/07/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 75 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Doença nos corais de Abrolhos chama atenção de oceanógrafos

São Paulo (AUN - USP) - A região de Abrolhos, no litoral sul do estado da Bahia, recentemente voltou às manchetes do noticiário brasileiro em decorrência de uma doença que afeta a simbiose (relação de mutualismo entre dois organismos) do coral, o branqueamento. Nessa notícia, porém, não há novidade alguma. Paulo Sumida, professor do Instituto Oceanográfico da USP (IO-USP) e pesquisador do projeto Pro-Abrolhos, afirma que esse cenário já não é de hoje. A atenção dada ao caso é, segundo o que Sumida acredita, decorrência de o ano de 2008 ser tanto o ano internacional dos corais quanto o ano de comemoração do 25º aniversário da criação do Parque de Abrolhos.

Mesmo já sendo notícia de ontem, a doença merece atenção dos oceanógrafos. Os corais surgem normalmente em águas tropicais, com pouca concentração de nutrientes e alta incidência de luz, regiões com essas características são chamadas de oligatróficas. Por essa razão os corais são raros e sensíveis. A doença de Abrolhos, portanto, poderia afetar negativamente esse ecossistema.

O branqueamento é uma enfermidade que afeta as algas simbiônticas ao coral, as zooxantela. A união dos organismos é benéfica para ambos, uma vez que a alga consegue proteção e o coral, os nutrientes que não produz, como a glicose. A simbiose é, nesse caso, muito sensível, uma vez que as zooxantela são facilmente afetadas por modificações externas, como alteração na temperatura média das águas ou na concentração de alguns nutrientes. O que hoje ocorre com Abrolhos não está definido e é objeto de estudo de pesquisadores da Pro-Abrolhos.

Paulo Sumida crê que os principais fatores que podem ter afetado a simbiose dos corais de Abrolhos são o efeito-estufa, mudança de concentração de nutrientes e sedimentação. De todo modo, Sumida acredita que ações antropogênicas no continente influenciam negativamente os corais de Abrolhos.

A falta de saneamento básico e de infra-estrutura sustentável no continente faz com que dejetos da fixação humana sejam expelidos sem tratamento algum às águas do Atlântico, chegando inclusive em Abrolhos. Para salvar os corais, portanto, as ações a serem feitas não chegam a modificar as águas diretamente; deve-se tratar da costa amenizando a presença humana, implementando saneamento básico e tratamento de esgoto, por exemplo.

A conscientização das autoridades sobre a situação acima é parte do trabalho do grupo da Pro-Abrolhos que tem também, entre outros estudos, o intuito de mapear os corais e estudá-los. O pesquisador Paulo Sumida é um dos responsáveis por esse mapeamento.

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