ISSN 2359-5191

29/05/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 10 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Fluxo de carbono pode ser resposta para problemas ambientais

São Paulo (AUN - USP) - O fluxo de carbono e o impacto que ele causa nos organismos que vivem no sedimento marinho são alvo da pesquisa de Paulo Sumida, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. Esses estudos vêm sendo realizados na Antártida em parceria com as Universidades do Havaí e da Carolina do Norte, em Ubatuba e no sistema de Cabo Frio, localizado na costa sudeste do Brasil.

É importante saber qual é o caminho do carbono no oceano, pois ele pode ser uma das respostas para problemas como o aquecimento global. Existem hipóteses que vêem na absorção do carbono pelo oceano uma alternativa para contornar os problemas decorrentes da liberação excessiva desse elemento químico proveniente de combustíveis fósseis. Porém, Sumida alerta que é importante conhecer as quantidades que o oceano é capaz de absorver, saber quais são os elos dentro dessa cadeia, ou seja, o “caminho” percorrido pelas diversas formas de carbono e as conseqüências para os organismos que vivem nesse meio. Assim como uma parcela do carbono removido da atmosfera pelo oceano é utilizada por organismos, outra se perde no sedimento marinho, pois o carbono é enterrado por alguns organismos. Outra parte é devolvida novamente para o oceano e para a atmosfera através da respiração.

As microalgas existentes na coluna d’água desempenham um papel importante no fluxo de carbono. Quando elas se reproduzem, consomem gás carbônico que vem da atmosfera, penetra no mar e é absorvido por elas, que produzem matéria orgânica. Quando as condições do oceano são favoráveis, acontece o chamado bloom, que é a aumento da taxa de reprodução desses organismos, gerando um fluxo de carbono em direção ao assoalho oceânico. As microalgas são fonte de alimento para outros animais do plâncton que remineralizam, isto é, quebram parte da matéria orgânica produzida em compostos menores. Apesar dessa remineralização, algas mortas e fezes de organismos vão para o sedimento marinho. O objetivo do pesquisador é estudar qual é o impacto desse acúmulo nos organismos bentônicos, aqueles que vivem no sedimento, como invertebrados, bactérias e protozoários.

A reprodução das algas depende diretamente das condições da atmosfera e do oceano, como quantidade de luz e de nutrientes disponíveis. O professor ressalta que na Antártica, durante o inverno e o verão, essas condições são bem distintas. No verão, esses fatores que propiciam a reprodução das algas estão presentes, portanto, as algas produzem mais, disponibilizando uma grande quantidade de alimento. Já no inverno, a falta de luz diminui a produção de alimento e o fluxo de carbono é quase inexistente. Desse modo, é possível perceber uma clara diferença no ciclo de carbono dessa região durante essas estações do ano.

A maior quantidade de matéria orgânica no ambiente possibilita o aumento da capacidade de sustentar organismos, ampliando a biodiversidade local. É o que acontece em Cabo Frio devido a sua situação peculiar que favorece a reprodução e o crescimento de espécies, muitas de importância econômica. Esse sistema apresenta o fenômeno da ressurgência, quando a água do fundo, rica em nutrientes, passa para a superfície. Em Cabo Frio, os ventos que sopram na região deslocam a água da superfície, obrigando a água do fundo a subir para ocupar o “espaço” deixado.

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