ISSN 2359-5191

11/11/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 122 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Baleia descende de animal parecido com rato
Cientistas descobrem o mais antigo ancestral do cetáceo gigante

São Paulo (AUN - USP) - Fósseis do que pareceria ser uma mistura de um rato gigante com um lobo foram encontrados por cientistas americanos no fim do ano passado. O estudo recente sobre esses fósseis trouxe uma descoberta curiosa: o animal é o antepassado da baleia. Fisicamente, é estranho e até engraçado associar uma baleia a um rato, mas 48 milhões de anos de evolução foram necessários para todas as mudanças evolutivas dessa espécie.

Os fósseis foram encontrados na Cachemirra, numa região montanhosa que faz fronteira com o Paquistão e a China. O estranho animal foi batizado de 'Indohyus raoellidae' pelos descobridores.

Estudos provaram que os dentes e orelhas do Indohyus eram muito similares aos das baleias atuais. O animal também possuía uma pele muito mais grossa que os mamíferos de seu tamanho, o que daria origem à camada de gordura das baleias de hoje. Além disso, a vida do antigo quadrúpede já era dividida entre a terra e a água: apesar de ainda não ser um exímio nadador, o Indohyus tinha a curiosa capacidade de "andar" embaixo d'água, pois seus ossos pesados ajudavam a manter as patas no fundo.

O que fez um animal terrestre, que ocasionalmente usava o meio aquático, a evoluir de forma a viver apenas na água, enquanto a maioria dos seres vieram da água e foram para a terra? Segundo o Dr. Marcos Santos, do Laboratório de Biologia da Conservação dos Cetáceos e palestrante na Semana de Oceanografia da Universidade de São Paulo, o animal passou a encontrar maiores chances de sobrevivência no meio aquático, e sua evolução prosseguiu para melhorar a vida nesse meio como, por exemplo, a perda dos pêlos, que causavam atrito na água e dificultavam a locomoção.

Os pesquisadores acreditam que a mudança de ambiente se deu em busca de maior abundancia de alimentação. Ao contrário do que se pensava, o quadrúpede não foi para a água para caçar, pois o Indohyus era herbívoro. O ambiente aquático era uma proteção contra predadores e um lugar rico em algas e plantas para sua alimentação. Isso mostra que as baleias passaram a comer carne apenas depois de já viverem na água.

A informação de que as baleias vieram de quadrúpedes que andavam pela terra já era estudada há alguma tempo.O professor Hans Thewissen, da Universidade de Ohio, passou mais de 15 anos estudando e tentando encontrar fósseis intermediários que documentassem a transição das baleias da terra para o mar. Em 1994, encontrou restos do que seria uma baleia anfíbia, muito mais parecida com um cetáceo do que o Indohyus, com nadadeiras nas quatro patas e focinho bem grande, embora ainda apresentasse a ponta do nariz ainda muito parecida com a de um lobo. Em 2001, um grupo de cientistas descobriu ossos de animais que mostravam outra etapa da evolução: entre eles, o Rodhocetus balochistanensis (ainda mais parecido com a baleia que o fóssil anterior) e o Pakicetus attocki(ainda mais assemelhado a um rato grande, sem presença de nadadeiras, porém mais evoluído que o Indohyus). A descoberta do Indohyus mostra o grau mais antigo de evolução, fechando o elo e completando a escada evolutiva desse mamífero.

Parece estranho pensar que um pequeno “rato/lobo” poderia viver na água. Porém, isso era e ainda é possível: um animal da África, chamado cervo-rato, tem atitudes muito parecidas com as do antigo ancestral da baleia, e quem já viu vídeos pode assegurar que eles possuem uma desenvoltura magnífica embaixo d'água, podendo ficar muito tempo sem precisar respirar.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br