São Paulo (AUN - USP) - Reunir professores e alunos da pós-graduação para pôr em discussão temas de grande importância para a formação em saúde. Esse foi o objetivo do I Encontro do Programa de Pós-Graduação em Infecções e Saúde Pública, segundo o médico Carlos Botazzo, um dos coordenadores do evento – que aconteceu recentemente no Instituto Butantan. Durante três dias de discussão, foram realizados seis simpósios e seis conferências sobre diversos temas, que variaram de ética e humanização da assistência à saúde a doenças como Leishmaniose (úlcera de Bauru), Hanseníase (lepra) e AIDS. "O Brasil é referência mundial para Hanseníase, é uma referência mundial no caso da AIDS", lembra Botazzo, que faz questão de destacar projetos brasileiros que são considerados de vanguarda, como o Genoma.

O coordenador ressalta ainda a importância do encontro para o incremento das relações com as agências de fomento, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Tecnológica (CNPQ).

A médica Maria Amélia Mascenas Veras, que também fez parte da comissão organizadora, acredita que o evento terá papel essencial para a divulgação de estudos pouco conhecidos e para o estabelecimento de um maior diálogo entre os centros de pesquisa.

Ela presidiu uma conferência sobre AIDS, que contou com a presença do professor da Faculdade de Medicina da Universidade da São Paulo (FMUSP) Aluísio Cotrim Segurado. "O Brasil tem um programa de AIDS considerado como modelo no mundo todo", afirma Maria Amélia. "Mas é muito importante que se saiba a qualidade da assistência: se o paciente está recebendo tratamento adequado, se ele está tomando o medicamento de forma adequada, o que impede o desenvolvimento de resistência por parte do vírus", completa.

O encontro foi uma iniciativa da Coordenação dos Institutos de Pesquisa (CIP), órgão ligado à Secretária de Estado da Saúde de São Paulo e que reúne os institutos Butantan, Adolfo Lutz, Pasteur, de Infectologia Emílio Ribas, de Saúde, além do Hospital Lauro de Souza Lima, o Centro de Referência e Treinamento em DST/AIDS, o Centro de Vigilância Epidemiológica, o Centro de Vigilância Sanitária, Fomento de Educação Sanitária e Imunização em Massa contra Doenças Transmissíveis (FESIMA) e a Hemorrede (rede de serviços de Hematologia/Hemoterapia do Sistema Único de Saúde – SUS). Estiveram na cerimônia de abertura os secretários da Saúde do Estado de São Paulo, José da Silva Guedes, e do Meio Ambiente, José Goldenberg.

O Programa de Pós-Graduação da CIP é reconhecido pela Capes há menos de um ano, mas Carlos Botazzo refuta a idéia de que o encontro tenha sido precoce. "Ocorre que se o Programa de Pós-Graduação é novo, não são as instituições de pesquisa que o sustentam. O que queremos afirmar com este Encontro, por isso, é a familiaridade que temos com a produção do conhecimento científico e tecnológico em saúde, originadas em instituições que se confundem com a história da Saúde Pública em São Paulo", explica o coordenador.