São Paulo (AUN - USP) - Pesquisar a estrutura das comunidades oceânicas e a diversidade biológica marinha entre o Cabo de São Tomé, no Rio de Janeiro, e a ilha de São Sebastião, em São Paulo é o objetivo da professora Ana Maria Pires Vanin, que estará a bordo do navio Prof. W. Besnard entre os dias 10 e 17 de setembro. Esta pesquisa faz parte do subprojeto Trofodinâmica da comunidade do ecossistema de plataforma continental no Sudeste do Brasil, integrante do projeto DEPROAS (Dinâmica do Ecossistema de Plataforma da Região Oeste do Atlântico Sul), que tem por objetivo estudar a penetração da Água Central do Atlântico Sul (ACAS) na plataforma continental, e seu impacto nos ecossistemas marinhos da região.
A professora Ana Maria e uma equipe de 15 pessoas, entre estudantes de pós-graduação e técnicos do Instituto Oceanográfico, vão estudar o caminho da matéria orgânica dentro de uma cadeia alimentar. A hipótese considerada é a de que a ressurgência (afloramento de águas profundas) tem significativa influência na cadeia alimentar, já que a água proveniente do fundo do mar traz diversos sais nutrientes que fertilizam o mar costeiro, e alimentam o plâncton, espécies do primeiro nível trófico da cadeia alimentar. Já se sabe que a biomassa (massa total dos organismos vivos) e a ressurgência são maiores em Cabo Frio do que em Ubatuba; o que se espera é a confirmação da relação de causalidade entre esses fenômenos.
Outro resultado alcançado por essa pesquisa é o fato de que a ressurgência é sazonal, ou seja, possui diferenças entre o verão e o inverno. A água fria do fundo aflora com mais intensidade no verão, o que faz com que nesta estação a água seja mais fria e que haja maior quantidade de organismos vivos do que no inverno.
Esse tipo de estudo tem grande importância econômica e ecológica, já que o conhecimento da cadeia alimentar oceânica permite saber se a região pode ser explorada para a pesca, quais as espécies que podem ser pescadas e de que forma essa atividade deve ser praticada sem danos para o ambiente e para a sustentabilidade da comunidade marinha.
O DEPROAS é um projeto multidisciplinar, envolvendo as áreas de oceanografia biológica, geológica, física e meteorológica. Com esta viagem, o projeto chega ao final de sua fase de coleta de dados. A partir de agora, o trabalho será direcionado para o processamento das informações. Ao final dessa fase, ainda sem data definida, os resultados das diferentes áreas devem ser divulgados e comparados em um workshop envolvendo todos os pesquisadores.