ISSN 2359-5191

08/06/2009 - Ano: 42 - Edição Nº: 29 - Meio Ambiente - Instituto Butantan
Butantan estuda gambás em parceria com empresa de energia

São Paulo (AUN - USP) - Cientistas do Laboratório de Biologia Celular do Instituto Butantan estão realizando estudos sobre gambás brasileiros. A pesquisa se baseia na análise do comportamento e da morfologia de duas espécies: o gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), que habita o cerrado e a caatinga, e o gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita), da Mata Atlântica. O projeto é financiado pela companhia de fornecimento de energia elétrica Elektro, que atua na Baixada Santista e no interior de São Paulo e de Mato Grosso do Sul, atendendo a quase dois milhões de pessoas.

Segundo Carlos Jared, coordenador da pesquisa ao lado de Marta Antoniazzi e Hana Suzuki, o projeto surgiu da necessidade de buscar soluções para os problemas causados pela “invasão” de gambás às subestações da Elektro. Esses animais, ao escalar os equipamentos energizantes, podem fechar o circuito e provocar desligamentos. Isso causa grandes prejuízos financeiros para a empresa fornecedora de energia e transtornos aos locais que ficam sem luz, além de levar à morte os animais envolvidos nos acidentes.

Os dados da pesquisa estão sendo colhidos em várias subestações da Elektro e por meio do monitoramento noturno de gambás, realizado em uma subestação experimental construída no próprio Butantan. A partir desses estudos, os pesquisadores pretendem encontrar formas de impedir o acesso desses animais às subestações de energia.

De acordo com Jared, descobertas significativas estão sendo feitas. A hipótese, amplamente aceita, de que os gambás sobem nos equipamentos das subestações para conseguir alimento - buscando ninhos de pombos, por exemplo - foi derrubada. “Na realidade, eles sobem porque a biologia deles é assim, eles são arborícolas. Eles sobem porque sobem. Não precisa haver estímulo”, afirma o pesquisador.

Os cientistas descobriram, ainda, que a presença de cercas de arame, muito utilizadas nas proximidades das subestações, representa um chamariz para os gambás. “Eles adoram subir nesse tipo de cerca”, diz Jared. Segundo ele, “seria bom que as subestações não fossem cercadas”. Também as vigas em forma de “i” utilizadas pela Elektro, de onde saem os fios energizados, favorecem a subida dos animais.

Nesse sentido, o modo como as subestações são isoladas e sua estrutura devem ser reavaliados. Por isso, os pesquisadores envolvidos no projeto pretendem firmar uma parceria com arquitetos e engenheiros do setor elétrico. A ideia é propor soluções práticas para a construção das subestações, levando em conta os conhecimentos sobre a biologia dos gambás e da biodiversidade em geral, adquiridos com o desenvolvimento da pesquisa.

Jared destaca que os gambás adentram as subestações de energia não apenas devido às condições arquitetônicas desses locais, mas também por suas próprias características biológicas. Isso porque o gambá é um animal que, deixando a vida silvestre, é capaz de se adaptar ao ambiente modificado pelo homem. Traços como hábitos noturnos, comportamento arborícola e alimentação onívora, por exemplo, dotam o gambá dessa capacidade. Além disso, os efeitos do desequilíbrio causado pela interferência humana sobre a natureza são imprevisíveis. “A problemática gambá/subestação elétrica é um desses reflexos”, afirma o pesquisador.

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