ISSN 2359-5191

20/09/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 17 - Saúde - Instituto Butantan
Jararacas e Cascavéis têm estrutura placentária

São Paulo (AUN - USP) - Jararacas (Bothrops jararaca) e Cascavéis (Crotalus durissus) possuem estrutura placentária. Essa é a principal descoberta de um estudo comandado pela pesquisadora do Instituto Butantan Selma Almeida-Santos. A pesquisa será transformada na tese de doutorado de Selma e as primeiras conclusões foram apresentadas em um Simpósio de Reprodução Animal, que aconteceu na Universidade de São Paulo no mês de julho.

Tanto as Cascavéis como as Jararacas são vivíparas, isto é, não colocam ovos e dão à luz a filhotes vivos. É, portanto, a mãe que dá ao feto alimento, oxigênio, água, entre outras coisas. "O que eu acho interessante neste trabalho é que nós estamos descrevendo uma forma de placentação: que é uma estrutura que permite ao embrião ficar no corpo da mãe por bem mais tempo", conta a pesquisadora. O estudo já comprovou que por essa placenta passam gases da mãe para o feto – principalmente o oxigênio.

Além da estrutura placentária, há um vitelo (como a gema do ovo de galinha) e Selma pretende descobrir qual a importância dele para o desenvolvimento do embrião. "Na história evolutiva, serpentes e lagartos representam um elemento intermediário entre aves e mamíferos", lembra a pesquisadora. "Então, se a gente realmente descobrir isto [a importância da estrutura placentária], a gente mostra uma semelhança muito maior desses répteis com os mamíferos, por exemplo, do que com as aves e crocodilos", ressalta.

A pesquisadora comparou o ciclo reprodutivo das duas serpentes e descreveu os respectivos aparelhos reprodutores, que apresentam dois ovários e dois ovidutos. Nos ovidutos são observados a região infundibular (que corresponde à trompa no ser humano) e o útero, que é, por sua vez, dividido em útero posterior, que serve para armazenar os espermatozóides, e útero anterior, onde ocorre a gestação.

É muito importante para essas serpentes o armazenamento de espermatozóides porque tais espécies copulam no outono, pouco antes da chegada do inverno. Como o período de gestação dura de quatro a cinco meses, a fecundação não pode acontecer logo depois da cópula, para que os filhotes nasçam em um período mais quente. "Para um réptil que é um animal, como o pessoal fala, de sangue frio [Ectotérmicos] a dificuldade dele em obter calor é muito maior do que a nossa", explica Selma. "Então é interessante que elas guardem este esperma para que na primavera, quando começa a esquentar, aconteça este desenvolvimento embrionário", completa.

A Bothrops jararaca é uma serpente de corpo delgado, que pode atingir até 130 centímetros de comprimento e a Crotalus durissus, que tem um corpo mais robusto do que a primeira, pode chegar a 160 centímetros. Ambas tem hábitos noturnos e são encontradas em áreas abertas, como campos de cultivo, o que acarreta em um número elevado de acidentes com seres humanos.

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