São Paulo (AUN - USP) - Dois novos laboratórios estão sendo implantados no Instituto Butantan, em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e com indústrias farmacêuticas. O novo sistema faz parte dos Laboratórios de Bioquímica e Biofísica e de Fisiopatologia do Instituto e funcionará de forma diferente em relação ao que acontece em laboratórios de pesquisa básica.
A ideia é criar infraestrutura adequada à realização de testes in vitro e em animais de substâncias com potencial de aplicação farmacêutica. Segundo Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora do Laboratório de Bioquímica e Biofísica do Butantan, o Brasil ainda é carente em laboratórios de pesquisa com infraestrutura necessária para a realização de ensaios pré-clínicos aceitos por parâmetros nacionais e internacionais.
Isso porque os testes devem ser feitos dentro de padrões de sistemas de qualidade que confiram validade mundial aos resultados obtidos. Também é preciso que haja desenvolvimento do sistema de produção em grandes quantidades das moléculas que serão testadas. Para isso, haverá garantia de que todos os lotes obtidos sejam iguais e possam ser produzidos da mesma forma em qualquer lugar do mundo. Tais requisitos, de acordo com Ana Marisa, serão atendidos pelos novos laboratórios.
Até agora, um deles já está pronto. Nele, serão realizadas análises de comportamento e de dor sob a ação de uma molécula que está sendo estudada pelo Laboratório de Fisiopatologia do Butantan.
O outro laboratório está em fase de finalização e será responsável pela produção de até dez litros de matéria-prima, de forma escalonável. Isso significa que, apesar de serem produzidos apenas dez litros, existem parâmetros para que a produção seja maior, o que permitirá transferência de tecnologia.
Assim que estiver pronto, esse laboratório terá também condições de realizar ensaios de citotoxicidade em diferentes linhagens celulares, que analisam o potencial de certas moléculas para morte celular, proliferação de células ou citoproteção. Além disso, poderão ser feitos ensaios de coagulação, anticoagulação e antitrombose.
Para Ana Marisa, os dois novos laboratórios no Instituto Butantan podem ser considerados um avanço no sentido de desenvolvimento de novas moléculas com potencial farmacêutico no Brasil.