São Paulo (AUN - USP) - Acaba de ser publicado na revista Toxicon o primeiro trabalho de revisão e identificação de águas-vivas envolvidos em acidentes com banhistas no Estado de São Paulo. Em parceria de pesquisadores da área médica (Unesp e Instituto Butantan) ligados à dermatologia, e pesquisadores do Instituto de Biociências da USP.
Relacionado ao tema das águas-vivas existe uma cultura de relatos de acidentes baseado em fatos reais que não ocorrem no litoral brasileiro, nem da América do Sul, mas do litoral da Oceania. Os casos são causado por uma água-viva chamada Vespa-do-Mar (Chironex fleckeri), uma espécie de medusa que vive nas águas do pacífico. Suas toxinas penetram na pele, caem na circulação sanguínea e chegam ao coração e ao pulmão paralisando os batimentos e a respiração em cinco minutos.
Todas as outras espécies capazes de matar um homem ocorrem no Pacífico. No Brasil existem quatro espécies de águas-vivas envolvidas em acidentes (queimaduras) no Brasil: As cubo meduzas Tamoya haplonema e Chiropsalmus quadrumanus, a caravela (Physalia physalis) e a espécie conhecida popularmente entre os caiçaras como relóginho (Olindias sambaquiensis)
Esse trabalho conjunto de um médico dermatologista com alguém que possa identificar o animal causador é novo no Brasil. Então buscou-se aprofundar o trabalho com o pessoal da área médica que está voltado para esse tipo de assunto.
O resultado foi publicado em uma revista especializada da área de toxicologica (Toxicon) que tem um caráter de revisão, com algumas das espécies perigosas para o homem no litoral do Brasil.
O estudo apontou quarenta e nove acidentes com águas-vivas no período de cinco anos no litoral de São Paulo. A maioria das vítimas são homens (65,6%) que sofreram queimaduras principalmente nas pernas (71,3%) e tronco (65,3%).
As queimaduras deixadas na pele são bem marcadas e o padrão permite caracterizar na maioria das vezes o organismo que causou o acidente. Por exemplo, a marca deixada pela caravela parece um colar de contas, nesse caso a conta é o ponto de contato. No caso do relóginho aparece uma placa esférica com pequenos raios causados pelos tentáculos. No caso das cubo medusas as marcas são muito semelhantes aos da caravela. O uso de meias-calças é indicado para evitar e impedir as queimaduras.
O artigo tem ilustrações com os animais causadores e como se apresentam os acidentes além de comentários gerais sobre ocorrência das espécies e manifestação clínica.
O trabalho foi realizado pelo professor do Instituto de Biociências da USP Fábio Lang da Silveira, e seu orientado André Carrara Morandini, em parceria com os médicos Vidal Haddad Jr, do departamento de dermatologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp) e João Luiz Costa Cardoso, do Hospital Vital Brasil do Instituto Butantan.
Para saber mais: Revista Toxicon, volume 40 de 2002, páginas 1445 à 1450.
Livro Atlas de Animais Aquáticos Perigosos no Brasil.