ISSN 2359-5191

18/10/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 21 - Saúde - Instituto Butantan
Butantan estuda câncer de pele

São Paulo (AUN - USP) - A pele é o maior órgão do corpo humano, e seu grande protetor. É preciso, pois, cuidar dela não apenas por questões estéticas. É por isso que um grupo do Laboratório de Genética do Instituto Butantan desenvolve uma série de pesquisas básicas sobre o câncer de pele. "O câncer deriva de uma mutação em uma célula, e se novas mutações ocorrerem que façam com que ela tenha vantagem de proliferação, acaba se desenvolvendo um tumor", explica a pesquisadora Itamar Romano Garcia Ruiz. "Se células tumorais conseguirem invadir e migrar para outras partes do organismo, formam-se as metástases, caracterizando a malignidade desse tumor que pode ter diferentes graus de severidade", completa.

Itamar conta que podem ocorrer três tipos básicos de tumor sólido na pele: o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular, e o melanoma maligno. Se as células atingidas por mutações pertencerem à camada basal da pele (aquela que fica entre a epiderme – camada mais externa da pele – e a derme), pode surgir o carcinoma basocelular. Se, no entanto, o dano genético ocorrer nas células que estão acima da camada basal, os queratinócitos, forma-se um carcinoma espinocelular. Finalmente, se as mutações ocorrerem nos melanócitos (células responsáveis pela fabricação da melanina, substância responsável pela pigmentação da pele), há um melanoma maligno.

Um dos projetos desenvolvidos no laboratório estuda os genes de integrinas, que são responsáveis pela ligação entre as células e delas à membrana basal. Quando uma célula fica sem os receptores integrinas, ela perde o contato com outras células, desligando-se delas. Caso alguma célula que faça parte de um tumor primário adquira competência genética de se desprender, caindo na circulação e invadindo novos órgãos, há a formação das metástases. "Normalmente, se as células se soltarem de seus tecidos de origem, elas serão induzidas à apoptose, ou suicídio celular", conta a pesquisadora. "Mas às vezes há mutações, além daquelas que permitiram que elas se soltassem, que não as deixam entrar em apoptose e elas continuam proliferando com todos os erros inerentes", complementa.

Em outra pesquisa as integrinas são estudadas em um modelo de células de câncer de cólon em cultura. Esse projeto, entretanto, foi ampliado e os pesquisadores passaram a estudar também os genes de reparo genético, que são alterados nesse tipo de tumor.

Além disso, os pesquisadores tentam descobrir a ação de toxinas de cobras sobre células tumorais. Itamar informa que células de melanoma cultivadas foram tratadas com a toxina de Bothrops jararaca, a jararagina, e foram injetadas em camundongos, enquanto em outro grupo de camundongos, injetaram-se células não tratadas com a toxina. Verificou-se, dessa forma, que diminuía o número de metástases naqueles camundongos que receberam as células pré-tratadas com as toxinas. "A pesquisa visa, a longo prazo, a contribuir para a redução de metástases na terapia humana", diz Itamar.

A pesquisadora informa que há ainda outra toxina isolada do veneno de Bothrops jararaca, a bothropasina. Acontece, entretanto, que não se sabe se jararagina e bothropasina são, na verdade, a mesma substância. Já existe, por isso, uma pesquisa para clonar genes, a partir do DNA total das jararacas, a fim de verificar se eles codificam substâncias diferentes ou iguais.

Outro estudo desse grupo de pesquisa refere-se, especificamente, aos genes ligados ao carcinoma basocelular: os genes patched – que atuam na diferenciação do embrião. Dessa forma, se o gene patched apresentar mutações e for transmitido, poderá afetar a formação embrionária. "Entre outras coisas – porque isso é uma síndrome, são várias as manifestações – a pessoa vai ter maior probabilidade de ter múltiplos cânceres do tipo basocelular", complementa Itamar.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br