ISSN 2359-5191

13/11/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 23 - Meio Ambiente - Instituto Butantan
Cientistas procuram extrato de plantas para combater vetor da Esquistossomose

São Paulo (AUN - USP) - É muito difícil combater a esquistossomose, e, por isso, um grupo de pesquisadores do Laboratório de Parasitologia do Instituto Butantan tenta descobrir um extrato de plantas para agir sobre os moluscos que são os vetores dessa doença, popularmente conhecida como barriga d'água, e que no Brasil atinge cerca seis milhões de pessoas. "Tentamos controlar esse molusco porque é muito difícil exterminar ou combater totalmente", afirma a diretora do Laboratório de Parasitologia, Toshie Kawano. "Esse molusco é um hermafrodita, se sobrevive um espécime no habitat, ele consegue se reproduzir e repovoar o local em pouco tempo", complementa. Produtos químicos podem até eliminar o vetor, mas também acabam prejudicando outros animais e plantas.

Há no Laboratório a parte de pesquisa básica, que estuda a biologia do molusco. Em São Paulo, explica Toshie, a espécie mais comum de vetor é a Biomphalaria tenagophila, que foi alvo de trabalhos de Mestrado e Doutorado. Os principais locais no Estado onde há esquistossomose são Vale do Ribeira, Baixada Santista e, principalmente, o Vale do Paraíba

Existe ainda a pesquisa aplicada, que procura estudar o efeito de extratos de plantas (convênio com Jorge Massuo Kato, do Departamento de Química Fundamental da USP) no controle dos moluscos. Os cientistas têm estudado plantas da família Piperaceae, que é a mesma família da Pimenta do Reino. Alguns dos extratos encontrados são eficientes moluscicídas, ou seja, poderiam ser utilizados no combate aos vetores.

O verme causador de esquistossomose pertence ao filo dos platelmintes. Há necessidade de dois hospedeiros para completar seu ciclo e ainda passa por dois estágios larvários dentro da água. O hospedeiro definitivo pode ser o homem ou um outro mamífero, e, por meio das fezes, o ovo volta a natureza. Dentro da água, posteriormente, é liberada a larva chamada miracídio, que penetra no molusco.

Depois, o miracídio se desenvolve assexuadamente, passando para um outro estagio larvário, chamado de cercária. É esta última que, em contato com a pele do homem, penetra no corpo atingindo a corrente sangüínea, e alcançando o coração e os pulmões, e se aloja nas veias mesentéricas na época de acasalamento. Os humanos entram em contato com a larva principalmente em lagos, normalmente chamados de lagoas de coceira (pois quando a larva penetra na pele há uma forte coceira local). Quando os ovos ficam retidos dentro do organismo, eles formam uma série de granulomas, que produzem mais danos que os próprios vermes.

Toshie conclui que a esquistossomose já é bastante estudada, mas lembra que é preciso conhecê-la ainda melhor, para tentar fazer com que o combate seja mais eficiente.

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