São Paulo (AUN - USP) - O RealNorte, entidade que representa as organizações não-governamentais (ONGs) do litoral norte do Estado de São Paulo, e a Petrobras, em conjunto com a Universidade Católica de Santos (UniSantos), realizaram um plano de atuação conjunta para tornar a exploração de gás mais sustentável.
Roberto Francine Jr., representante das ONGs no Centro de Experimentação para o Desenvolvimento Sustentável (CEDS), falou sobre isso na palestra “O Centro de Desenvolvimento Sustentável do Litoral Norte e o Comitê de Diálogo para a sustentabilidade”, que fazia parte do “V Seminário de Manejo Integrado – Atuação de ONGs no Manejo e conservação marinha”, promovido pelo Instituto Oceanográfico (IO-USP).
De acordo com Roberto, a busca por um diálogo começou, em 2007, após a Petrobras ter acelerado a decisão de explorar o gás na Bacia de Santos. Na época, o então recém-eleito presidente boliviano Evo Morales, numa manifestação nacionalista, fechou as torneiras do gasoduto Brasil-Bolívia, o que fez a empresa passar por uma crise de abastecimento. Assim, a Petrobras investiu em seus planos de construir a plataforma de Mexilhão, em Caraguá.
Essa decisão provocou indignação entre as ONGs do litoral norte, uma vez que o projeto poderia ter graves impactos ambientais na região, como desmatamento e redução da biodiversidade. Decidiu-se então marcar uma reunião entre o RealNorte e a Petrobras, com a finalidade de tentar conciliar interesses. Nesse processo de diálogo, do qual a UniSantos também participou, surgiu, em 2008, o Comitê de Diálogo para a Sustentabilidade (COMDIAL), que tem as funções, entre outras, de promover o diálogo entre a empresa e a sociedade civil e debater as prioridades para promover o desenvolvimento sustentável. A primeira decisão tomada em discussões do Comitê foi a respeito do posicionamento dos tubos dos gasodutos: eles serão colocados quatro quilômetros abaixo da Serra do Mar. Dessa forma, o impacto ficará restrito a área próxima da entrada do túnel.
Nessa parceria, surgiu também o CEDS, órgão ligado ao COMDIAL, com um foco mais direcionado à pesquisa e a educação. Sua comissão de coordenação é sempre composta por um representante das ONGs, um da Petrobras e outro da UniSantos. Nestes dois anos o CEDS e o COMDIAL realizaram também várias atividades com foco em educação para a sustentabilidade. Foram promovidos seminários sobre avaliação ambiental estratégica, aquecimento global e licenciamento, além de oficinas sobre neutralização de carbono, gestão de conflitos e perspectivas no litoral norte.