ISSN 2359-5191

01/07/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 43 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Pesquisa traça perfil das ONGs atuantes no litoral norte de SP

São Paulo (AUN - USP) - Jovens, com poucos recursos e uma atuação fragmentada: essa é uma parte do diagnóstico das ONGs (organizações não governamentais) presentes no litoral norte do estado de São Paulo. Ele é fruto de um levantamento que consistiu na investigação de dados e questionários. Foi realizado por uma equipe composta por representantes do laboratório de manejo do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), do Instituto Costa Brasilis e da Universidade do Estado de São Paulo (UNESP).

Segundo Alexander Turra, professor do IO e coordenador do Laboratório de Manejo, o primeiro resultado com que a equipe se deparou foi o baixo número de ONGs realmente atuantes na região. Inicialmente, os dados indicavam a presença de 124 organizações. Contudo, somente 76 foram localizadas – “com muito esforço” - e, dessas, apenas 27 responderam ao questionário enviado pela equipe. “Isso pode indicar uma baixa capacidade de se organizar para poder dar esse tipo de resposta. O trabalho é excessivo e às vezes algo desse tipo [o questionário] vai ser bem complicado de se fazer”, afirma o professor.

Entre essas ONGs, verificou-se que a maior parte delas desenvolve trabalhos em educação ambiental, envolvendo as áreas de recursos hídricos, unidades de conservação, lixo e interface com o ambiente marinho. Algumas atuam também com assessoria e consultoria técnicas.

Essas organizações são relativamente jovens: 70% tem dez anos ou menos. Como efeito, há pouca articulação entre elas, o que resulta numa ação fragmentada: “O movimento é recente. Não da pra pensar que elas vão atuar de forma coletiva com todas as outras”, constata Turra.

Além disso, as ONGs sofrem com problemas de falta de recursos e estrutura de pessoal. Seus orçamentos dependem, majoritariamente, das contribuições dos associados – elas têm pouco ou nenhum acesso a financiamentos do governo ou de instituições internacionais.

Isso se reflete também na contratação de pessoal. Há poucos funcionários contratados em caráter definitivo, o que prejudica o desenvolvimento dos trabalhos. “Em algumas categorias, há um grande numero de temporários, ou seja, poucas pessoas recebendo para fazer o que tem que ser feito”, diz Turra. Dessa forma, as ONGs acabam por depender mais do voluntariado. Há também falta de capacitação: em 22 das organizações analisadas os trabalhadores ainda precisam de preparo para exercer sua função.

Importância
E para que estudar o perfil das ONGs? De acordo com o professor, a importância disso se deve ao fato de elas terem assumido um papel crescente como representantes da sociedade civil nos últimos anos, principalmente devido à ausência do Estado em níveis locais. “E isso não é diferente no litoral norte, onde há contraste entre ocupações humanas e áreas de preservação”, diz. Além disso, as ONGs ainda apresentam uma perspectiva real de trabalho para os oceanógrafos, com amplas possibilidades: “Trabalhar com ONGs não significa ser só ativista. Você pode trabalhar com pesquisa, com educação. E em diferentes escalas, como uma local ou macro.”

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br