ISSN 2359-5191

04/11/2010 - Ano: 43 - Edição Nº: 95 - Ciência e Tecnologia - Instituto Oceanográfico
Conclusões das pesquisas do último Ano Polar são apresentadas

São Paulo (AUN - USP) - O Ano Polar reúne pesquisadores do mundo todo com um objetivo: impulsionar a pesquisa no continente antártico. Sua primeira edição foi na final do século XIX. Na sua quarta edição, que teve início em 2007 e terminou em 2009, além da apresentação de estudos, foram iniciados muitos projetos, 11 brasileiros. Alguns resultados estão aparecendo agora.

No Brasil, as pesquisas são coordenadas pelo Proantar (Programa Antártico Brasileiro), que surgiu em 1982. É um programa governamental com a finalidade de apoiar, organizar e executar a pesquisa científica na região antártica. Ele foi responsável por propiciar condições para que o Brasil pudesse adquirir status consultivo nas reuniões do Tratado da Antártida, permitindo ao país ter voz e voto na administração do continente.

A USP desempenha um papel significativo no Programa, concentrando a maioria das pesquisas desenvolvidas. Participam o IGc (Instituto de Geociências), o IO (Instituto de Oceanografia), o IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas), o IB (Instituto de Biociências) e o ICB (Instituto de Ciências Biomédicas). O professor Antônio Carlos Rocha Campos, do IGc, participa do Proantar desde seu início e atualmente é pesquisador na área da geologia e membro do Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas.

O professor orientou o trabalho de Mestrado de Fernanda Maciel Canile, que foi um dos projetos do Proantar. O foco dos estudos foram o Eoceno e o Oligoceno, duas divisões geológicas da Era Cenozoica. A conclusão mostrou, através da análise das rochas, um limite nítido entre os climas dos dois tempos, o primeiro mais quente, e o segundo glacial. A mudança climática em questão já havia sido comprovada por meio de outros registros, mas ainda não havia sido estudada através da geologia. O professor comenta que os estudos somente foram possíveis porque as geleiras estão recuando e deixam as rochas à mostra.

Outra universidade que participa do Proantar é a UFRJ (Universidade Ferderal do Rio de Janeiro). Ela desenvolveu um projeto que tratou do levantamento da fauna marinha e cadastramento das espécies. O grupo, encabeçado pela professora Lúcia Siqueira Campos, descobriu diversas novas espécies e uma diversidade biológica maior do que se pensava.

Na UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), um grupo foi o primeiro no Brasil a realizar uma entrada no interior do continente antártico. O projeto mediu a variação climática através de testemunhos de gelo retirados da camada superficial, analisando a variação do teor de CO2 na atmosfera nas últimas centenas de anos.

O INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) também apresentou as conclusões de seu projeto recentemente. O grupo, que envolvia meteorologistas e oceanógrafos, demonstrou que realmente há uma ligação muito clara entre o clima antártico e o clima do Brasil, causada pela corrente fria que sai da Antártida e atinge a costa brasileira.

O professor Rocha ressalta que ainda há obstáculos a serem vencidos. O apoio logístico brasileiro é limitado. Os recursos precisam ser divididos entre todos os grupos de pesquisa e acabam sendo insuficientes. Ele conta que antes havia apenas um navio e hoje são dois, mas ainda não estão equipados. O recurso destinado à pesquisa não permite que se aprovem um grande número de projetos. E mesmo os aprovados às vezes não têm condições de ir para a Antártida. O professor fala da importância do Proantar para o Brasil: “A pesquisa de alto nível projeta a ciência no país, num lugar difícil de se fazer ciência. Nós não tínhamos experiência nenhuma e agora somos veteranos”.

Um novo conjunto de pesquisas, com 19 projetos, tem início no final deste ano e deve apresentar suas conclusões até 2013. As áreas são Biologia, Ciências da Terra, Geologia, Geofísica e ciências físicas, como Estudos Atmosféricos.

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