São Paulo (AUN - USP) - Em 2011, a capacidade brasileira de conhecimento sobre a imensidão oceânica ficará mais completa: a Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), concretizou a aquisição de um novo navio oceanográfico.
“Já foram pagos US$ 2 milhões, equivalentes a 50% da embarcação, e US$ 2,16 milhões, para início das reformas e compras de equipamentos”, disse Michel Mahiques, diretor do Instituto Oceanográfico (IO-USP).
Atualmente ancorada na cidade americana de Seattle, a embarcação deve chegar ao Brasil em novembro de 2011, já reformada.
Antes parte do acervo da Universidade do Havaí, nos EUA, a embarcação Moana Wave, construída em 1973, possui 64 metros de comprimento por 11 metros de largura, capacidade para levar 20 pessoas e deslocar 972 toneladas, além de autonomia de até 70 dias em alto-mar – quase quatro vezes mais que seu antecessor, o norueguês Professor W. Besnard, o que amplia oportunidades de pesquisa de biodiversidade em áreas como águas profundas e a região do pré-sal.
O navio será primordialmente operado pelo IO-USP, mas não é uma propriedade exclusiva: outras unidades da Universidade, como a Escola Politécnica e o Centro de Biologia Marinha, entre outros, terão acesso a ele.
As primeiras missões do navio já começaram a tomar contornos. “Existe uma demanda do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) para travessia do Atlântico. O navio deverá ainda, em sua vinda, lançar alguns sensores”, contou o diretor.
De acordo com Mahiques, o novo nome será discutido na próxima reunião da Congregação IO-USP. Uma das sugestões é Alpha Crucis, estrela representativa do Estado de São Paulo na bandeira brasileira e também a mais brilhante da constelação Cruzeiro do Sul, tradicional ponto de referência na navegação marítima.
O Professor W. Besnard chegou ao Brasil em 1967 e enfrentou duras águas em suas mais de 200 expedições, que incluíram levar as primeiras equipes nacionais de pesquisa à Antártica, nos anos 1980.
Um incêndio em 2008, aliado à manutenção inadequada ao longo dos anos, diminuiu sua vida útil. Hoje ele se encontra, inoperante, atracado em Santos.
A prefeitura da cidade, no entanto, tem planos para um futuro museu marítimo no cais histórico de Porto Valongo, parte de um movimento de revitalização da antiga Zona Portuária. Se concretizados, o navio aposentado será transformado em um setor da atração.
“É o destino mais nobre que pode ser dado ao Besnard”, expressou o diretor.