São Paulo (AUN - USP) - Um novo método para o combate de doenças causadas por bactérias encapsuladas como as meningites tipo B e tipo C e a pneumonia foi encontrado por pesquisadores do centro de Biotecnologia do Instituto Butantan. Trata-se da utilização de uma vacina conjugada, que facilita o reconhecimento dessas bactérias pelo sistema imunológico.
Neisseria meningitidis e Streptococcus pneumoniae, patógenos causadores, respectivamente, da meningite e da pneumonia, bem como a Haemophilus influenzae, uma dos vários agentes causadores de infecção da corrente sangüínea (septicemia), são bactérias encapsuladas de grande interesse da saúde pública no país. Tais bactérias são chamadas de encapsuladas por possuírem uma cápsula feita de açúcares (polissacarídeos) envolvendo suas membranas celulares.
De acordo com a pesquisadora Rocilda Schenkmann, essas bactérias encapsuladas eram facilmente evitadas com o emprego de uma vacina constituída apenas de polissacarídeos. Contudo, esse tipo de vacina está perdendo eficiência, pois alguns sacarídeos não são memorizados pelas células de defesa do organismo e, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), tais vacinas podem causar alergias.
A saída encontrada foi a associação do polissacarídeo imunogênico (isto é, aquele que estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos) com proteínas da membrana dessas bactérias, na forma de vesículas de membrana externa (OMV), com o objetivo de formar algo semelhante a um polímero. Daí o nome de vacina conjugada. Segundo a pesquisadora Martha Tanizaki, esse processo não só facilita o reconhecimento dos antígenos, como aumenta sua afinidade com os anticorpos.
É o caso da vacina conjugada contra as meningites B e C. O Instituto Butantan tem dois projetos de vacinas antimeningocócicas. O primeiro, que conta com a parceria da FioCruz e do Instituto Adolfo Lutz (que cede as bactérias para pesquisa), consiste no desenvolvimento de uma vacina contra o tipo B constituída de proteínas, visto que o polissacarídeo capsular do tipo B não é imunogênico. Esta vacina já está em fase de teste em camundongos. O segundo tipo, é a formação de uma única vacina conjugada contra os tipos B e C, através da associação do polissacarídeo imunogênico do tipo C à proteínas de membrana do tipo B.
No caso da prevenção da pneumonia, a obtenção de uma vacina é mais complicada em virtude do elevado número de diferentes polissacarídeos (entre 12 e 23) que envolvem a bactéria Streptococcus pneumoniae, além da necessidade de isolá-los de cepas (colônias) patogênicas. Os pesquisadores pretendem diminuir o número desses sacarídeos conjugando-os com uma proteína de membrana do pneumococo que seja conservada e capaz de estimular a produção de anticorpos.
É de consenso dos pesquisadores que as vacinas conjugadas são um grande avanço no combate à meningite, pneumonia e septicemia, mas que a melhor forma de prevenir essas doenças transmitidas pelas vias aéreas é através de medidas profiláticas, como evitar aglomerações ou ficar em lugares pouco ventilados.