ISSN 2359-5191

22/10/2003 - Ano: 36 - Edição Nº: 19 - Saúde - Instituto Butantan
Genoma do Schistosoma aumenta chances de vacina contra esquistossomose

São Paulo (AUN - USP) - Cientistas da rede ONSA, que congrega os laboratórios genômicos do estado de São Paulo, anunciaram a identificação de 35.000 fragmentos dos estimados 14.000 genes do Schistosoma mansoni, o parasita causador da esquistossomose, doença popularmente conhecida como barriga d’água. O projeto foi financiado pela FAPESP e MCT, teve a participação de entidades como o Instituto Butantan, Instituto Adolfo Lutz e diferentes unidades da Universidade de São Paulo e teve a coordenação geral do Dr. Sergio Verjoviski-Almeida do Instituto de Química da USP.

O projeto foi favorecido pelo emprego de uma tecnologia de encontrar ESTs (fragmentos expressos de genes) desenvolvida no Brasil denominada ORESTES. Este sistema não só facilita a leitura dos fragmentos internos dos genes, mas também permite aumentar o volume de genes pouco abundantes e pouco lidos pelos métodos convencionais.

Dessa forma, os pesquisadores puderam comprovar que 55% das seqüências do Schistosoma mansoni não foram verificadas em nenhum outro organismo, sendo que esses fragmentos devem corresponder a informações genéticas específicas, referentes aos diversos estágios do ciclo de vida do verme. Além disso, foram descobertos 46 genes que podem levar ao desenvolvimento de novas drogas contra o parasita e mais 40 genes que podem permitir a criação de uma vacina.

Hoje, existe apenas um fármaco (vermífugo) contra a esquistossomose, cuja eficiência parece declinar em algumas populações. De acordo com a pesquisadora Elizabeth Martins, do Instituto Butantan, isso ocorre porque o verme teria adquirido uma resistência natural a essa droga. Dessa forma, o método mais eficaz para o combate à verminose seria através de uma vacina.

O Instituto Butantan já começou testes em camundongos com oito genes para ver se algum deles confere algum tipo de imunidade contra a doença. Contudo, segundo a pesquisadora, a eventual obtenção de uma vacina deverá ser dificultada pelo tamanho relativamente grande do verme, além do fato de ele tender a “driblar o sistema imunológico” do hospedeiro, usando proteínas semelhantes às que já estão memorizadas pelas células de defesa do organismo.

Em virtude disso, os pesquisadores trabalham atualmente com cerca de 40 alvos vacinais referentes a proteínas produzidas pelo parasita quando este se encontra na forma de cercária, fase de vida do verme em que ele penetra no organismo do homem, e forma de schistosômulo, fase de desenvolvimento mais simples que a forma adulta e, portanto, mais fácil de ser combatida. “A vacina deve ser um sistema de prevenção simples e barato, mas eficiente contra a esquistossomose”, conclui Elizabeth.

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