São Paulo (AUN - USP) - O navio oceanográfico japonês Mirai zarpa do porto de Santos nesta quinta-feira levando quatro pesquisadores do Instituto Ocanográfico da USP, que irão ajudar na expedição Beagle 2003. Beagle, além de sigla para Blue Earth Global Expedition (Expedição Global Terra Azul) é o nome do navio que entre 1832 e 1836 levou Charles Darwin ao Hemisfério Sul, onde ele teve muitas pistas de sua teoria da evolução das espécies. A nova viagem, que começou na Austrália, onde terminará, em fevereiro, depois de dar uma volta ao mundo, tem objetivos igualmente nobres: analisar o impacto do aquecimento global nos mais diversos ecossistemas marinhos. A coincidência com a viagem de Darwin é que a Beagle 2003 também viajará somente pelo Hemisfério Sul, cujo volume de água é bem maior do que no Hemisfério Norte.
Os pesquisadores brasileiros acompanharão o navio até a Cidade do Cabo, e, no trajeto, estudarão o ecossistema do Atlântico Sul sob diversos aspectos. A professora do IO Elisabete Santis Braga, por exemplo, vai analisar nutrientes dissolvidos na água do mar. “Os resultados da expedição poderão contribuir para prever fenômenos e mudanças climáticas, como seca, chuvas e enchentes, facilitando decisões que amenizem seus efeitos”, afirma.
Os brasileiros tiveram a oportunidade de participar da expedição após acordo com o Centro Japonês de Ciência e Tecnologia Marinha. O acordo foi coordenado pelo professor do IO Édmo José Campos. O navio Mirai é considerado o mais avançado navio de pesquisas oceanográficas do mundo, e já participou de pesquisas semelhantes em 1980 e 1990. “A nova expedição pretende comparar dados com as anteriores, e a partir daí, traçar o efeito do aquecimento global, da poluição e de outros fatores nos ecossistemas marinhos do Hemisfério Sul. Talvez, após esse trabalho, poderemos explicar melhor fenômenos como o El Niño”, explica Campos.