ISSN 2359-5191

26/09/2011 - Ano: 44 - Edição Nº: 90 - Ciência e Tecnologia - Instituto Oceanográfico
Pesquisador do IO estuda efeitos do antraceno no DNA de peixes
Pesquisa com composto químico tem como finalidade ajudar o desenvolvimento da indústria de cosméticos

São Paulo (AUN - USP) - O setor de beleza e estética vem crescendo expressivamente nos últimos anos e, segundo estimativas da Associação Brasileira de Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o segmento deverá movimentar cerca de R$ 50 bilhões até 2015. Marcas de cosméticos e saúde não param de ser lançadas no mercado e os investimentos seguem em franca expansão. O Grupo Boticário, por exemplo, lançou recentemente a marca de cosméticos Eudora e anunciou, no começo do mês, a construção de uma fábrica e um centro de distribuição na Bahia, com aporte estimado de R$ 355 milhões.

A expansão deste segmento acompanha também o crescimento dos estudos nas áreas de biologia e química voltados à análise de compostos que possam ser prejudiciais à saúde humana. Fabio Matsu Hasue, pesquisador do IO/USP, segue esta tendência. Sua tese de mestrado em Oceanografia Biológica se baseia em avaliar os possíveis danos que o composto antraceno pode causar ao DNA quando exposto à radiação ultravioleta. Apesar de ser uma molécula relativamente pequena, o composto químico é tóxico, bioacumulativo – ou seja, persistente no organismo – e derivado da queima de matéria orgânica, normalmente de madeira e petróleo. Por ser um hidrocarboneto, o antraceno pode danificar células sadias através da formação de radicais livres quando metabolizado pelo organismo.

Para realizar sua experiência, o pesquisador coletou pampos (espécie de peixes encontrada desde o Atlântico Norte até o Atlântico Sul) na base costeira de ensino e pesquisa que o Instituto conserva em Ubatuba. Os peixes foram expostos ao antraceno dissolvido em água por 24 horas em 3 concentrações diferentes do poluente e, então, transferidos para a água limpa e expostos à luz de lâmpadas fluorescentes ou à radiação ultravioleta B. Como resultado, observou que os peixes que receberam a radiação por 2 horas tiveram uma morte bem mais acelerada se comparada à mortalidade dos animais não contaminados. Fabio agora pretende se focar num estudo molecular mais aprofundado para analisar se, de fato, o antraceno exposto à radiação pode modificar o DNA de uma espécie e não apenas causar danos pontuais.

O pesquisador acredita que o biólogo, profissão que exerce, deve aprender a enxergar as oportunidades que o mercado lhe oferece e usar a ferramenta certa para alavancar seus estudos. “O biológo deve estar no lugar certo e na hora certa”, afirma. Ele, por exemplo, viu na indústria de cosméticos uma chance de estudar danos celulares causados por compostos químicos contidos em produtos aparentemente “inofensivos”, como o protetor solar.

Fabio explica que vários produtos cosméticos, como cremes faciais, reagem como a radiação ultravioleta, mas faltam pesquisas mais aprofundadas sobre as consequências dessas reações químicas. “O protetor solar, por exemplo, contém óxido de titânio, que tem em tudo que tem cor branca. O composto cria uma micropelícula que protege dos raios ultravioleta, mas essa interação não é muito boa para a pele”, esclarece. Portanto, o biólogo considera fundamental que pesquisas para esta área sejam incentivas, ainda que se demore anos para mapear e constatar uma real modificação no DNA de qualquer espécie.

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