São Paulo (AUN - USP) - É chegada a hora de aposentar de vez o Prof. W. Besnard, o antigo navio norueguês utilizado pelo Instituto Oceanográfico na condução de suas pesquisas oceanográficas. No dia 30 de maio, durante a semana de comemorações dos 40+10 (40 anos da pós-graduação e 10 da graduação) do Instituto, que ocorreu do dia 28 de maio ao dia 1º de junho, foi inaugurado, no Terminal Marítimo de Passageiros Giusfredo Santini, no Porto de Santos, o substituto, o navio Alpha Crucis. A cerimônia reuniu dirigentes da Universidade, autoridades municipais e estaduais, além de docentes e alunos do curso de Oceanografia da USP. A serviço do IO desde 1964, a embarcação Prof. W. Besnard contribuiu muito para pesquisas no campo da Oceanografia no Brasil, mas está ancorada no Porto de Santos desde 2008, por ser muito velha e já não apresentar boas condições de navegabilidade. Para alavancar a produção científica do IO, foi providenciada a sua substituição e, com o apoio de recursos da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e a reitoria da USP - algo em torno de US$ 11 milhões -, o IO pode adquirir, reequipar e reformar uma nova embarcação: o navio Alpha Crucis.
O novo navio era propriedade da Universidade do Havaí e foi comprado nos Estados Unidos, tendo zarpado em viagem ao Brasil, dia 29 de março de 2012. Foi reformado com verbas cedidas pela reitoria da USP, que giraram em torno de US$ 4 milhões. Entre essas reformas, estão inclusas a modernização de camarotes e laboratórios, que agora têm capacidade para abrigar 39 pessoas, entre tripulação e pesquisadores, a instalação de um sistema de posicionamento dinâmico, o qual permite que o navio consiga passar muito tempo parado em um lugar, independentemente de correntes marinhas ou do vento, e uma ecossonda multifeixe, que permite o mapeamento do fundo do mar.
“A nova embarcação viabilizará pesquisas em águas profundas, em bacias oceanográficas que atinjam até seis metros. Será útil, com certeza, em pesquisas na área do pré-sal. Ao mesmo tempo, também poderá ser usado em pesquisas e estudos em águas mais rasas, entre o litoral e o oceano. Aliás, esse tipo de estudo sempre foi uma tradição no IO”, diz o professor Michel Michaelovitch de Mahiques, diretor do IO. O Alpha Crucis também tem a capacidade de atender a missões muito mais longas do que o Prof. W. Besnard, podendo ficar em alto mar por até 40 dias, enquanto o antigo só podia ficar pelo período de 15 dias. “Isso significa, por exemplo, que a embarcação poderá fazer uma travessia até a África”, comenta Mahiques.
Além do Alpha Crucis, o IO também terá a adição de mais uma nova embarcação à sua frota, até julho de 2012, que está sendo construída no estaleiro Inace, no Ceará. O Alpha Delphini, no entanto, tem porte menor e será utilizado em missões de curta duração e que possam ser realizadas em uma área de até 200 metros de profundidade. O barco tem capacidade para abrigar até 12 pesquisadores e seu custo final pode ficar entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões. Para Carlos Henrique de Brito Cruz, presidente da Fapesp, a aquisição dessas duas embarcações, pelo IO, tornará o Brasil mais competitivo em relação às pesquisas e estudos oceanográficos.