São Paulo (AUN - USP) - O Instituto Butantan lançou em Santarém, Pará, os primeiros soros antiofídicos em pó produzidos no país. A apresentação ocorreu durante a 6ª Jornada de Doenças Tropicais do Baixo Amazonas, no dia 2 de agosto. Os produtos, que têm validade de cinco anos, dois a mais que os soros líquidos convencionais, não necessitam de refrigeração. Para que sejam utilizados, basta que se adicione água destilada do tipo WFI (que também será fornecida pelo Butantan no kit do produto) a eles.
Serão fabricados soros contra picadas de serpentes dos gêneros Bothrops (jararaca e jararacuçu), Crotálus (cascavel), Lachesis (surucucu) e Micrurus (coral).
Segundo nota divulgada pelo diretor do Butantan, Otávio Azevedo Mercadante, o soro em pó será uma alternativa para pessoas que vivem em regiões longínquas e com menos estrutura, já que ele pode ser armazenado em locais desprovidos de energia elétrica.
Fornecido às Forças Armadas em 2001, o produto vem sendo testado desde então pelo Exército, que percorreu todo o país para verificar se ele mantém suas propriedades mesmo quando submetido a mudanças de temperatura.
No final do ano, quando os testes se encerrarem, ele será encaminhado à Anvisa (agência Nacional de Vigilância Sanitária) para regulamentação. Espera-se que no começo de 2005, os soros sejam enviados pelo Ministério da Saúde às secretarias de cada estado. As secretarias, por sua vez, deverão remetê-los para hospitais, postos de saúde e santa casas. No estado de São Paulo, 432 postos estratégicos serão abastecidos com esses imunobiológicos.
Somente se houver excedente de produção, o instituto poderá comercializar os soros para outras entidades.
O desenvolvimento do soro em pó segue determinação da OMS (Organização Mundial da Saúde), que estimulou todos os países tropicais a adotá-lo. Até agora, só alguns países europeus o tinham produzido.