São Paulo (AUN - USP) - A iniciativa, que reúne 40 instituições de ensino colaboradoras e mais de 120 pesquisadores, foi batizada de “ReBentos” e objetiva a criação de uma rede de monitoramento dos habitats bentônicos costeiros. O ambiente bentônico é o do fundo dos oceanos, onde se fixam algas, corais, entre outros seres e vivem animais como lagostas e caranguejos, chamados de seres bentônicos. Sendo assim, possui grande importância socioeconômica em indústrias como a alimentícia e a farmacêutica.
A intenção do projeto é fazer uma rede vinculada a Sub-Rede de Zonas Costeiras da Rede Clima (MCT) e ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC), permitindo assim que os pesquisadores analisem os efeitos das mudanças climáticas nesses habitats, além de “dar início a uma série histórica de dados sobre a biodiversidade bentônica ao longo da costa brasileira”.
Com a obtenção desses dados, será possível criar modelos sobre como as mudanças ambientais regionais e globais podem causar alterações na biodiversidade bentônica. A rede se organiza em seis subprojetos: praias, recifes e costões, estuários, fundos submersos vegetados, manguezais e marismas e educação ambiental e grupos específicos de pesquisadores foram alocados para cada subprojeto.
Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da USP (IO), é um dos pesquisadores envolvidos e comentou sobre as principais dificuldades enfrentadas: “No momento precisamos de recursos para poder investir na manutenção da rede, na infraestrutura dos núcleos de pesquisa, na coleta de dados, que precisa ser constante, e também na elaboração do material de educação ambiental”, afirmou, ressaltando a importância desse último: “É preciso conscientizar as pessoas sobre como os ambientes podem sofrer com essas alterações no clima da Terra”.
Apesar do crescimento do grupo de pesquisadores nos últimos meses, Turra ressaltou: “Para a rede funcionar bem, é necessário que haja um comando central, mas que todas as pessoas estejam ali querendo ser protagonistas e contribuir de verdade. Ela não pode ser formada por pessoas que estão ali mais para obter vantagens”. O pesquisador falou também sobre as perspectivas para as mudanças climáticas globais. “Acho que o mais importante nesse caso é entendermos plenamente como se dão essas mudanças e de que forma elas nos afetam, só assim vamos poder nos adaptar.”