ISSN 2359-5191

27/10/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 16 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Sinal de alerta no aumento da temperatura do Atlântico Sul
Pesquisa do Instituto Oceanográfico em parceria com cientistas japoneses detecta elevação da temperatura da água em profundidades de 1000 a 1800 metros.

São Paulo (AUN - USP) - Durante uma pesquisa que percorreu o Atlântico Sul, de Santos (São Paulo) até a Cidade do Cabo, na África do Sul, pesquisadores brasileiros detectaram um aumento de temperatura em regiões mais profundas do oceano, nas quais a influência do homem demora mais para ser sentida. São variações centesimais, mas significativas cientificamente porque podem influenciar a circulação das águas e o clima. Porém, essas mudanças ainda não atingiram as maiores profundidades do oceano, que possuem entre 4 e 5 mil metros.

Esse projeto, chamado BEAGLE, faz parte de um programa japonês que vai dar a volta ao mundo à altura da latitude 23 graus sul, estudando as condições oceanográficas. A região entre Santos e a Cidade do Cabo foi monitorada no final de 2003 em parceria com o Instituto Oceanográfico ( IO ) da Universidade de São Paulo e os resultados foram comparados com os de pesquisa feita por alemães em 1994. A professora do IO, Elisabete Braga Saraiva explica que a triagem e o tratamento dos dados ainda não foram concluídos, mas que algumas mudanças já puderam ser verificadas.

“Essa não é nenhuma catástrofe, mas já é um primeiro sinal de alerta”, explica a professora. Segunda ela, a poluição num determinado local pode se espalhar, dependendo da circulação da água, horizontalmente e verticalmente por todo o mar, atingindo regiões remotas, como as grandes profundidades e a Antártida. Essas regiões costumam ser bastante estáveis quanto à temperatura, por isso variações, mesmo que pequenas, são importantes.

A variação de temperatura da água pode retirar calor de uma região mais quente e levá-la para uma mais fria, alterando as temperaturas de um lugar, o que resulta em fortes secas e chuvas, além do derretimento de geleiras nos pólos e aumento do nível do mar em algumas regiões. “A temperatura dos oceanos pode alterar as condições do planeta como um todo”, diz Elisabete.

Outra constatação da pesquisa foi a de que o Clorofluorcarbono (o CFC) que destrói a camada de ozônio, também está presente em profundidades de 1000 a 1800 metros. É uma substância artificial e tóxica de baixa concentração nessa profundidade. Mas caso aumente, pode alterar mecanismos importantes dos oceanos.

Exposição fotográfica

Além de fotos do navio usado nessas pesquisas, o japonês Mirai, um dos maiores do mundo, a exposição fotográfica que ocorre no IO até 19 de novembro, das 9 às 17 horas, traz diversas embarcações, nas quais Elisabete trabalhou. Realizada em parceria com seu marido, Nivaldo da Graça Saraiva, as fotos estão divididas por três temas: fortes e faróis, que ocorrem em acidentes geográficos próximos à costa; mares, também em regiões próximas da costa e oceanos. A exposição comemora os 70 anos da USP trazendo uma temática ligada à oceanografia. Além do Brasil, podem ser vistas fotos da África do Sul, França, Guiana Francesa, Grécia, dentre outros lugares.

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