ISSN 2359-5191

12/07/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 55 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Estudo com microorganismos explica efeitos das mudanças climáticas

O Laboratório de Ecologia do Meiobentos Marinho, coordenado pela professora Thais Corbisier, no IO, tem como área de estudo os organismos que vivem no solo dos oceanos e a análise desses organismos com o objetivo de entender as mudanças que ocorrem no meio marinho.

Thais explica que a atividade do grupo de pesquisa “é trabalhar com as comunidades de invertebrados que vivem associados ao fundo do mar [meiobentos]. Basicamente, nos sedimentos marinhos.” A razão da escolha desses invertebrados para a análise é a maior possibilidade de exatidão dos dados obtidos: “como esses invertebrados vivem no fundo, eles não se movimentam muito. Se a condição ambiental é alterada (seja por causas naturais ou não), eles [os invertebrados] refletem essas mudanças”.

Segundo Thais, a pesquisa consiste em descrever espécies encontradas no meio, a quantidade de organismos, a diversidade e a densidade. Esses fatores, influenciados fortemente pela mudança das condições climáticas, indicam as condições ambientais para a proliferação e sobrevivência de espécies de invertebrados do fundo do oceano, o que por sua vez indica as condições do ecossistema marinho. Como os animais estão ligados em forma de cadeira alimentar, é importante que, para o funcionamento do ambiente, todos os níveis estejam em equilíbrio.

Para a realização de uma pesquisa são enviados membros do grupo em embarcações para as áreas de estudos. A partir daí, eles coletam amostras do solo submarino. Essas amostras, que servem como recorte da região analisada, são utilizadas para a análise citada acima.

Desde 2001, o grupo busca analisar também as interações tróficas nesses ambientes. Ou seja, além de estudar a presença dos invertebrados, ele se associa a outros grupos - especializados em peixes, algas, invertebrados que vivam fora do solo, entre outros -  e analisa as cadeias alimentares como um todo. Essa pesquisa é feita a partir da análise dos isótpos de carbono e nitrogênio. Esses isótopos, que se encontram na natureza, são mais facilmente identificáveis. “Normalmente, eles se alojam no sistema do animal que se alimentou de outro, que o possuía originalmente”, diz Thais. “Devido aos processos metabólicos, a gente consegue acompanhar e listar a cadeia alimentar”.

Um dos projetos em andamento do laboratório é a Antártida. Diversas pesquisas já foram conduzidas a partir de materiais coletados na área de exploração lá encontrada. Thais explica o interesse do grupo em analisar os invertebrados do local: “É preciso ter estudos nessa área de preservação”, diz ela. “Ainda mais com as mudanças climáticas, ocorrendo no mundo. o interesse é maior”. As pesquisas oceanográficas na região, tanto deste laboratório como de outros do IO, são realizadas em parceria com áreas correlatas: químicos, físicos, geólogos e biólogos. Os companhamentos das espécies de invertebrados são feitos, pela dificuldade de acesso, a cada dois anos.

O estudo mais recente de que o grupo fez parte foi o Ecosan. Thais explica que o interesse pelo local de estudo, a plataforma continental da baixada santista, se deu porque “não havia praticamente nenhum estudo sobre esse tema [invertebrados do solo marinho] no local”. Ele envolveu analisar as condições que o ecossistema marinho enfrentava para se manter equilibrado, a partir do estudo das condições dos invertebrados. Funcionou de 2005 a 2009.

O Laboratório de Ecologia do Meiobentos Marinho explora as relações, a partir de uma averiguação dos elementos inicias da cadeia alimentar e da transferência de matéria orgânica, as mudanças no clima – elevação da temperatura das águas, derretimento das calotas polares, poluição, extinção de espécies, entre outros – dos ecossistemas. Com isso, ele prevê as dificuldades  a fragibilidade de manutenção das espécies em ambientes hostis e explica os prejuízos das mudanças climáticas.

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