ISSN 2359-5191

14/11/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 99 - Meio Ambiente - Instituto Oceanográfico
Pesquisa sugere nova forma de monitorar escoamento de esgoto no oceano
Praias de Santos sofrem com o despejo de esgoto / praiadesantos.wordpress.com/2013/02/19/chega-de-poluicao-em-santos/

Em tempos de preservação ecológica, novas formas de proteger o meio ambiente da poluição surgem como ferramentas extremamente válidas. Silvio Tarou Sasaki, doutor em ciências na área de oceanográfica química e geológica, elaborou um estudo para monitorar substâncias que apontam entrada de esgoto no ambiente marinho. Orientado pela professora Márcia Caruso Bícego, a tese detectou a presença de alquilbenzenos lineares (LABs) em sedimentos, ostras, mexilhões e peixes no litoral paulista.

O desequilíbrio do ecossistema marinho por causa da poluição pode trazer graves conseqüências ao homem, tanto de ordem econômica como no âmbito da saúde. Sasaki alerta que “o esgoto não tratado pode reduzir a biodiversidade aquática”, o que gera um impacto na economia pesqueira. “Em seres humanos, a ingestão de água contaminada ou alimentos que tiveram contato com o esgoto pode gerar gastroenterites, infecção nas vias respiratórias, disenteria, hepatite, cólera, febre tifoide e até a morte”. Uma das principais fontes de poluição nos ambientes costeiros são os esgotos domésticos e industriais.

Usualmente, a forma de se detectar o despejo de poluentes no mar é através da detecção de bactérias com relação direta ao material fecal. No entanto, este método contém avalia a contaminação por esgoto somente em água e, além disso, a sobrevivência destas bactérias no ambiente marinho é muito variável, podendo ser de algumas horas até alguns dias, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.

Em alternativa às opções microbiológicas, como as bactérias, Sasaki utilizou marcadores químicos, que também podem ser chamadas de marcadores orgânicos moleculares. “Os marcadores químicos utilizados são persistentes à degradação, podendo permanecer por até 20 anos ou mais em sedimentos marinhos. Além disso, podem ser avaliados em organismos, como moluscos bivalves [mexilhões, ostras e semelhantes] e peixes”.

Os LABs provêm, geralmente, de detergentes comerciais e industriais, como parte residual do processo de fabricação. Por isso, são bons indicadores da presença de água não tratada vinda de residências e fábricas. Sasaki escolheu para sua pesquisa duas regiões completamente distintas do litoral paulista. “Santos, com alta densidade demográfica e problemas em relação ao saneamento básico, e Cananéia, de baixa densidade demográfica e patrimônio da Humanidade, segundo a Unesco”.

Grande parte da região costeira brasileira não conta com sistemas de tratamento de esgoto. Como era esperado, Santos apresentou uma concentração maior de marcadores químicos. “O que pode ser salientado é que foi comprovada a eficácia deste tipo de marcador em relação às repostas ambientais, pois houve diferenciação entre regiões mais e menos impactadas pelo descarte de esgoto”.

Após a coleta das amostras, análises foram feitas em busca de marcadores. “Através dos resultados obtidos foi proposto que os moluscos bivalves e peixes podem ser utilizados como indicadores de exposição do ambiente ao esgoto”. Também foi analisado o sedimento marinho dos locais de pesquisa, pois “a avaliação de sedimentos é importante, pois pode nos indicar um histórico da poluição do ambiente e existem espécies de peixes que se alimentam no fundo marinho”.

O problema da poluição nos oceanos não é nenhuma novidade. As regiões da costa são as que mais sofrem com isso e, paradoxalmente, são também as regiões mais importantes para diversas atividades econômicas. Cerca de 90% de toda produção de alimentos marinhos advêm de áreas costeiras e, no Brasil, as atividades econômicas litorâneas correspondem a aproximadamente 73% do PIB nacional.

A presença dos LABs nos estuários, manguezais e oceano, está diretamente relacionada à ação humana. O monitoramento de marcadores químicos para detectar o escoamento de esgoto não tratado se mostrou eficiente e já teve alguns desdobramentos importantes. “Santa Catarina é onde ocorre a maior produção de ostras e mexilhões cultiváveis do país. Então, existe um trabalho em conjunto com a Universidade Federal de Santa Catarina, que analisa amostras em áreas próximas ao cultivo”.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br